Antes de
discorrer sobre o tema adotado para esse artigo, vale definir o significado de
estratégia e estratégico, para situar, sob aspectos discursivos, o assunto que,
efetivamente é abordado. A palavra estratégia tem origem no grego, e significa strategus, referindo-se ao comandante ou
magistrado supremo de uma ação militar. Assim, Davenport (2005) explica
que o verbete se refere à arte exercida pelo líder – “a arte do comandante”.
Portanto, a
abordagem desse artigo parte do pressuposto de que os fazeres e saberes das
pessoas são estratégicos para o sucesso de dada organização; o que equivale a
dizer que é estratégico investir no capital humano. Esse capital humano não
está limitado pelas funções desempenhadas pelos indivíduos no contexto
organizacional, mas parte de todos e de cada um, emergindo do corpus organizacional.
Tendo
estabelecido essa premissa, é pertinente traçar uma breve retrospectiva sobre a
evolução da ARH. A priori, como
destacam Tanure, Evans e Cançado (2010), a ARH, no Brasil, foi
impulsionada tardiamente, com quase 50 anos de atraso em relação aos países
desenvolvidos. Foi a entrada de multinacionais, principalmente da indústria
automobilística, na década de 1960, que facultou a “importação de práticas
gerenciais” e se começou a pensar a questão ligada aos recursos humanos no
país. Trata-se de uma abordagem cuja amplitude esse trabalho não pretende dar
conta, mas apenas observar as tendências contemporâneas.
Segundo a
exposição de Chiavenato (2004), inicialmente a ARH se denominava Relações
Industriais, e seu modelo gerencial focava-se unilateralmente nas organizações,
sem levar em conta as pessoas, os funcionários. Quando passou a ser conhecida
como Recursos Humanos, ocorreu uma grande ‘revolução’, pois a nova denominação
apontava para a adoção de uma nova postura, para a construção de uma relação
mais interativa e com maior dinamismo, na qual os indivíduos/funcionários
deveriam ser vistos como um ‘recurso’ organizacional fundamental.
Na visão de
Chiavenato (2002) o objetivo precípuo da ARH é a integração do trabalhador no
cenário organizacional, bem como a melhoria contínua de sua produtividade. As
ações da ARH englobam recrutamento, seleção, treinamento, desenvolvimento,
manutenção, controle e avaliação de pessoas, isto é do capital humano, com o se
convencionou denominar.
Isto posto, vale ressaltar os pressupostos de Davenport
(2005), o qual explana que os objetivos da ARH derivam dos objetivos
específicos das organizações.
Contudo, é possível apontar algumas funções
universais:
1. Criação, manutenção e desenvolvimento de um conjunto de recursos
humanos com habilidades, competências profissionais e motivação.
2. Criação,
manutenção e desenvolvimento de condições organizacionais que facultem alcançar
os objetivos empresariais e individuais.
3. Atingir as metas de eficiência e
competitividade com os recursos humanos disponíveis.
Acatando-se
os postulados de Davenport (2005); Tanure, Evans e Cançado (2010) e de Oliveira
e Oliveira (2011), depreende-se que a ARH, representada por seus gestores, não
pode ignorar que investir nas pessoas pode se tornar o caminho para a tão desejada
supremacia competitiva, quando não, da própria permanência no mercado. O que
equivale a dizer que, hoje, os indivíduos passaram a ser vistos de modo
diferente, já não são meras peças numa engrenagem, mas cada um deles é a
própria engrenagem, portanto, suas potencialidades merecem ser desenvolvidas
continuamente e esse trabalhador deve ser constantemente ‘seduzido’ a manter-se
fiel ao seu compromisso com a organização.
Sob esse
aspecto, conforme explana Rabaglio (2010), é pertinente ressaltar que as
políticas de ARH devem, necessariamente, promover um ambiente que motive ao
compromisso com os objetivos organizacionais. Isso porque, nos novos contextos
de mercado que se delineiam, a área de ARH assumiu o perfil de facilitadora das
mudanças culturais que, segundo se espera, vão promover a adesão das pessoas à
estratégia global da empresa.
Contudo, para obter os resultados mais excelentes, a estratégia de ação da ARH
deve, necessariamente, ser orientada pelos setores estratégicos das empresas,
quaisquer que sejam eles: liderança por inovação, liderança higth tech (alta performance em
tecnologia de ponta), liderança de custo etc.
Realmente Levi, o tema que você abordou acima é muito importante nos dias atuais. Em 1999, uma pesquisa realizada pela Symnetics com 100 empresas brasileiras mostrou que somente 10% das estratégias são implementadas com sucesso.
ResponderExcluirAs principais razões encontradas nas falhas de implementação de 90% das estratégias não estavam na formulação em si.
As principais razões estavam no que podemos chamar de quatro barreiras:
Barreira da visão: somente 5% do nível operacional compreendem a estratégia;
Barreira das pessoas: somente 25% do nível gerencial possuem incentivos vinculados ao alcance da estratégia;
Barreira dos recursos: 60% das empresas não vinculam recursos financeiros à estratégia;
Barreira de gestão: 85% dos gestores gastam menos de uma hora por mês discutindo estratégia.